quinta-feira, 2 de junho de 2016

É quando te odeio que te amo.
Amo-te na constância horizontal do tempo.
Nas minúcias sem calendário nem aviso,
No sossego do teu braço ao adormecer,
Mas na verticalidade do tempo, o ódio.
Odeio-te como um raio de trovão.
Odeio-te porque te amo.
Odeio-te, mesmo sem saber odiar-te.
Odeio-te e depois amo-te ainda mais.
Odeio-te porque te amo e todo o meu corpo me relembra.
Não se pode odiar sem amar excessivamente.

Na verdade, nem sei se te odeio
Ou se te quero mais perto,
Se este ódio inflamado de desentendimento,
Não é mais que querermo-nos em abundância.

Odeio-te e amo-te a seguir, e antes também,
Porque sei que a constante és tu.
E sou eu. Essa é a unidade que fica.
O conforto desta mundana solidão partilhada.
Eu sei, eu amo-te

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