segunda-feira, 3 de junho de 2019

Não sejas uma memória

Não sejas uma memória.
Ainda não.

Fica mais uns dias e deixa-me convencer-te.
Somos todos defeito,
todos partidos.
Poeira hoje,
Fénix depois da noite.

Não te quero lembrar,
não te quero imaginar,
não quero o silêncio e o nada.
Quero o toque no ombro
e o piscar de olho.
Quero o guacamole mal esmagado.
Quero a dança desajeitada.
E quero rir-me contigo.

Para ficares era preciso mais do que o mundo,
mas talvez não houvesse mais mundo.
Que mundos somos nós então,
os que te pensam e agora te imaginam?

Não te sei imaginar.
Não sei os teus olhos, só o seu piscar.
Não sei a tua voz, só as tuas frases simples.
Não sei o teu nome,
só o meu na tua boca.

Não chega.
O meu egoísmo é quase pior que o teu.