terça-feira, 29 de maio de 2012


Hoje escrevia-te um livro.
Hoje tocava.te e fugia contigo.
Talvez pela minha percepção
De que o hoje era o amanhã que temiamos
E que nos admitia a razão
ainda antes de chegar.
Todas as esquinas eram felicidade para nós
Não fosse outra praça, o nosso âmago.
Eu tinha em ti a necessidade
Que não reconhecia.
Não era, porém, a necessidade
De quem não respira.
Era um querer com os olhos,
Um suspirar com os poros,
Um sufocar de luz e escuridão ao mesmo tempo.
Havia ânsia que me movia...
A mesma que hoje
(aquele dia em que te escrevia um livro)
Te quer pintar uma das mais belas histórias.
Aquela que era nossa e vou escrever no livro
Na esperança que a tua memória
Não a apague, mesmo sendo essa
A revolução que devo à pessoa
Que sou e de quem fujo.

quarta-feira, 16 de maio de 2012




Hoje não consigo partir.
Não consigo descansar os meus olhos
E deixar-me ir.
Tenho um tormento que me chora
E me ri e me confunde, até!
Tudo gira e me foge
Com toda a réstia de energia
Que este dia ainda me concede.

Hoje não consigo partir.
Não consigo fechar-me em mim,
Nem que por umas horas
Que tão pouco contam no correr das vidas,
E deixar de fora o mundo
E todos os assuntos pendentes dele!
Talvez porque pendente é
Também a minha existência
E tudo o que dela emana
Num baile de primavera.
Uma primavera transfigurada
E sem dormir.
Sem sono, na verdade!
Mas com o cansaço que se faz
Consequência e que a rasteja enganada.

Hoje não consigo partir.
Ninguém me sente a falta
Mas eu já não sei partir!
Talvez porque ficar é o caminho,
Sonhar é miragem e engana as gentes.
Ofusca as gentes!

terça-feira, 8 de maio de 2012

Eram esses os dias que me arrancavam de ti.
Os dias forrados de vis inverdades
Que desnudam imperfeições impensáveis! desnecessárias...
O tempo e o chão fugiam-me dos olhos
Como quem não quer nem ficar.
Como se, ficando, violasse quaisquer leis ou legiões...
Ou até morais, quem sabe.
Mas, ficando ou não, há cores perdidas,
Tingidas de lágrimas, desbotadas de sentidos
E é imperativo deixar, inverter direcções,
Suar caminhos, quebrar percepções ou procurá-las.
E os dias não serão mais que árvores levitantes
Em dias solarengos,
Deixando apenas ver o que a sua sombra recorta,
Lembrar o que ela ilumina.