sábado, 13 de outubro de 2018

O fechar da década

Amigos, é o fechar da década.
Outros antes de nós por aqui passaram.
Também tiveram de fazer o caminho descalços.
Descalçar o conforto querido,
Ganhar calos que haviam tentado prevenir.
Esqueceram-se de nos avisar,
Mas como eles, temos o depois.
O depois não desaparece
Nem nos fogem os sonhos.
O desejo de chegar
Dará lugar ao sossego
De ter pernas para andar.
Como a chuva vira flor
E o escuro, dia!

É o fechar da década.
De uma década.
Apenas uma.
Há mais décadas do calendário.
E “o que é suposto”
É inimigo da unidade que somos.
Essa combinação de sonho
E circunstância que és tu e eu
E que não se repete.

Não deixemos a nossa existência
Seguir os moldes
Que só serviram quem nós não somos.
Nunca vi outro como tu.
Nem como eu.
E se houvera visto,
Não o quereria imitar.

Tu vais voltar a ter
Os teus pés calçados
E vais saber que foste corajoso.

Vais ter dias com sentido
E vais saber o que fazer.
Vais ver brilho que não esperaste,
O peso virará âncora
E a tua alma desalojada
Saberá ser a sua própria casa.