Quando fizeste parte de mim,
Foste os meus arrepios.
Arrepios dos bons e dos maus.
Eras como água fria no verão,
Exactamente o que eu queria e precisava.
Eras como a água quente do meu banho
No frio do inverno.
O aconchego que competia
Com qualquer manta do mundo.
E ganhavas-lhes.
Depois viraste-me as costas.
Não foi culpa tua, mas parecia de propósito.
Passaste a ser água a ferver no verão,
Água gelada no inverno.
Desesperei de calor sem alívio
E chorei de frio na espinha.
Hoje és água que me foje entre os dedos
E me seca na pele.
Não ficas mas molhas.
E eu tenho sede.
Sedes e medos.
Às vezes cresce-se e aprende-se,
Que água não se agarra nas mãos.
Uns segundos dela
E temos de ser felizes.
Já dizem os antigos,
"A mesma água não passa duas vezes
Debaixo da mesma ponte."
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