sábado, 19 de setembro de 2015

Iam sentadas lado-a-lado.
A noite e a escuridão,
A tristeza e a folia.

Que perfeita e real metáfora 
No vagão daquele comboio.
Podiam ser a mesma pessoa,
À inconstância de quem se permite sentir.
Duma nem somente o olhar tinha sentido ou direção,
A outra não tentava nem disfarçar o sorriso. 

Uma era a sombra da morte escutada, ascoltada,
A outra a apoteose do êxtase.
Seguramente veria o objeto de tal êxtase em breve.
Não sabia sequer se era a noção da sua existência
Ou a ânsia do eminente reencontro 
Que lhe arrancavam aquele brilho!

A outra não queria que o tempo rolasse.
Pedia aos momentos todos do dia para ser redimirem.
Pedia-lhes que não fossem ambiciosos.
Pedia-lhes mais um dia, um dia passado.

O tempo nem existe e nós contamo-lo.
Voa nos dias dos risos,
Arrasta nos dos tormentos.
Não há cura e aceitar não é nem redenção.
Aceitar é desculpa, é pretexto,

Nada muda,
Uns dias uma, outros a outra,
No vagão daquele comboio.

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