Aqui.
Era carne e virou sangue.
Soubesse eu as fronteiras
do que fui e do que ficou,
e o aqui seria a versão a cores deste inverno.
Gelaram-se-me os sentidos no caminho também
e aqui tudo o que visto e me esconde
é invisivel.
Sou na verdade duma nudez pálida,
Inerte e inconsciente.
Toca-me na pele roupa que não sinto.
Imagens de espasmos que também sinto.
A nudez do que me preenche, fora corpo e carne,
é um choro imaterial sem dono e sem sentido.
Não se deve querer o que é de outro tempo.
Não se devem chorar
as ruinas de horas tão cheias das suas sessenta partes,
que nem a lembrança de lá se consiga soltar.
Eu já só caibo num aqui que,
esse sim, me pertence.
Mas a pertença é uma coisa feia.
Não tenho e choro, tenho e chamo-lhe feio.
O aqui e seu cinzento far-se-ão,
eventualmente, suficientes.
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